violento de Gonçalo Mendes da Maia, julgou acertado não lhe responder: o abade, porém, que se havia conservado em silêncio durante a disputa, tomou nesse ponto a mão.
— Quanto a mim - disse ele -, não me perdoe o Senhor na hora extrema do passamento, se mentem minhas palavras. Sempre e em toda a parte clamei pela paz, e ainda hoje clamo por ela. Também eu como vós quisera que o infante na cúria dos barões requeresse direito; mas como vós também quisera que não lho negasse a rainha, posto que o demande armado. A tal façanha o incitou o orgulho do conde de Trava, e o generoso e nobre sangue que corre nas veias do nobre mancebo. Com a mão sobre o coração vos juro que me horroriza esta guerra desnatural. Mas como evitá-la? Como ousareis vós tentá-lo; vós, talvez o único rico-homem da corte de Guimarães que ousa ser francamente inimigo do conde de Trava?
— Tentá-lo-ei - replicou o Lidador - como leal cavaleiro. Antes que as novas da vinda de D. Afonso, para acometer sua mãe e seu mortal inimigo, houvessem corrido de boca em boca; antes que os mais íntimos conselheiros do nobre Fernando Peres - dizendo isto Gonçalo Mendes olhava para Martim