Eicha - nos pudessem asseverar que o sangue se havia de verter, já eu o sabia: sabia-o porque esses valos alevantados à pressa em volta do burgo; essa couraça que os prende ao castelo; os engenhos postos a ponto nos eirados e torres, me diziam sobejamente que nos ameaçava guerra. Guerra de Sarracenos? Não vêm tão longe as suas arrancadas. Guerra do imperador? Não quebrámos até hoje nosso preito com ele. A causa do temor existia, pois, em Portugal. O infante não há três meses que saiu daqui, e já muitos castelos o receberam por senhor. Vi, soube e calei. Mas a cúria dos barões e ricos-homens da corte está convocada para se ajuntar amanhã. Lá, no meio dos que servem e temem, eu, que não temo nem sirvo, falarei bem alto. Mostrarei à rainha que se perde; que D. Afonso tem por si filhos de algo, bispos, burgueses e vilões de beetrias. Direi ao conde: "Nobre conde de Galiza, é necessário ceder ao infante de Portugal." Então, se não for escutado...
— Então?... - interrompeu Martim Eicha.
— Então aceitarei vossos conselhos. No campo do infante ainda cabem dez tendas para mais cem homens de armas, besteiros e fundibulários; ainda lá se pode soltar mais