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sei ainda trabalhar, mais hei de saber. Tu me ensinarás, e eu aprenderei.

O Cabelleira disse estas palavras com a ingenuidade e doçura de uma criança. Luiza não se pôde conter; correu a elle, e pela segunda vez o apertou em seus braços e cobriu com as suas lagrimas. Elle abraçou-a e beijou-a com a effusão do primeiro amor, que, depois de longamente adormecido, desperta de subito com as energias que cresceram durante o somno, e se fizeram forças invenciveis.

— Alli adiante, disse o Cabelleira apontando para um embastido de arvores que apparecia ao pé de um serrote; poderemos passar a noite, a nossa primeira noite de noivado.

Luiza estremeceu, e suspirou. Si não se tivesse arrimado ao braço do bandido, teria cahido.

— Triste noivado, Cabelleira, triste noivado, que se cobre de prantos e luto.

— Não te amofines assim. O Cabelleira não é mais o assassino, Luizinha. O ladrão, o matador já não está aqui ao pé de ti. Quem aqui está é um homem que quer ser um homem de bem.

Deram o andar para o lugar indicado.

A este tempo o sol tinha desapparecido, e