Página:O cabelleira - historia pernambucana (1876).djvu/276

a mata, sobre os estendidos cannaviaes do Engenho-novo.

Da lomba, onde havia parado, desceu rapidamente á orla da floresta.

Era quasi noite.

Alongou os olhos pelas immensas quebradas onde a canna acamava, e só viu um mundo de verdura que lhe acenava com doces presentes.

Ah! elle podia passar mezes dentro desse mundo sem que o vissem, e sem risco de ser devorado por animaes ferozes. Era uma região amiga a que se lhe abria diante dos olhos.

A planta que estava destinada a ser mais tarde a base principal da fortuna e riqueza de um vasto imperio; essa planta abençoada que dalli punha á sua disposição nutritivo e precioso succo offerecia-lhe tambem protecção á sombra da sua basta folhagem. Podia elle, pobre foragido, refazer as forças no seio dessa solidão generosa que lhe daria a sorver licor suavissimo, como o que mana de um seio maternal.

Cabelleira, rapido como um jaguar, pôz à cabeça de fóra do mato, olhou, observou, e, nada vendo, atravessou o asseiro e penetrou no cannavial.

Achando-se já dentro, voltou-se e observou