Página:O cabelleira - historia pernambucana (1876).djvu/277

de novo. Não viu viva alma. Do outro lado do asseiro estava a floresta virgem, d’onde elle havia sahido. As sombras do lusco-fusco cobriam as montanhas, as quebradas, os valles, todo o retiro emfim. Em torno delle, e além das folhagens, além das planuras até onde pôde chegar com a vista e com as ouças, só viu a solidão profunda, só ouviu o silencio absoluto da natureza.

Ia adiantada a noite quando elle terminou sua refeição.

A lua discorria suavemente, entre castelos de nuvens, na vasta campina celeste, e a viração ciciava brandamente no cannavial onde deixava as fragrancias que, como abelha da noite, trazia do páo-d’-arco da mata proxima em suas azas subtis.

Cabelleira pôz nos hombros as ultimas das cannas que quebrára e tomou a aberta por onde havia entrado. Mas foi logo obrigado a voltar sobre seus passos para não ser visto por dous negros do engenho que estavam defronte da abertura da camarinha.

O cannavial não tinha sómente esta sahida. Mas qualquer dellas para onde encaminhou seus passos se lhe mostrou tomada por escravos do engenho.

O Cabelleira achava-se tão longe de pensar que o guardavam, que acreditou, para explicar