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autoridade que não podia exercitar sobre o principal responsavel do estranho delicto.

— Fui eu, mamãi. Papai mandou que eu matasse, e por isso matei o coelho.

Joanna volveu novamente os olhos entristecidos a Joaquim, o qual não se demorou a retorquir com a impudencia que o caracterisava:

— Fui eu mesmo que o mandei. Que tens com isso? Quererás tomar-me contas, Joanna?

— Eu não, Deus sim; Deus hade tomar-t’as um dia, homem sem coração.

— Deus! Quem é Deus, toleirona? Quem já o viu? Quem já ouviu a sua voz? Estás caducando, mulher.

Sem ter para o seu tyranno outra resposta que o silencio, Joanna resignou-se a dar-lh’a, e foi cahir sobre um tamborete, com o rosto inundado novamente de lagrimas.

Tempos depois entrou José em casa gritando e chorando. Foi o caso, que, tendo elle querido tomar de um menino do vizinho uma chicara de arroz doce, o menino, que tinha mais idade, mais corpo e mais força do que elle, não só não se deixou esbulhar de sua propriedade, mas até bateu em José com vontade, sem comtudo se sahir illeso, por que José lhe pôz a cara em sangue com as