unhas, e lhe arrancou da côxa um pedaço de carne com os dentes.
Sabendo do acontecido, Joaquim fez de uma folha de facão velho um punhalzinho e, chamando o filho, entregou-lhe a nova arma, mediante este discurso:
— Sabes para que fim te dou este ferro, José? É para não soffreres desaforo de ninguem, seja menino ou menina, homem ou mulher, velho ou moço, branco ou preto o que te offender. Si alguma vez entrares em casa, como entraste hoje, apanhado, chorando, ouve bem o que te estou dizendo, dou-te uma surra de tirar pelle e cabello, e corto-te uma orelha para ficares assignalado. Toma o ferro.
José tinha então seus nove para dez annos, e ouviu a advertencia do pai com toda attenção, promettendo cumprir fielmente as suas ordens.
Joanna, que tudo presenciára, e de certo tempo atrás adoptára o alvitre de não contrariar abertamente o marido para o não incitar a maiores excessos, aguardou a sua ausencia, e quando foi tempo prégou a José as lições de moral que seguem:
— Meu filho, Deus, nosso pai, que está no céo, não póde receber bem os feios actos a que teu pai, que está na terra, te aconselhou