E Leocádia escapou afinal das pauladas do marido, a quem o povaréu desarmara num fecha-fecha.

— Ordem! Ordem! Vá de rumor! exclamava o vendeiro, a quem, aproveitando a confusão, haviam já ferrado um pontapé por detrás.

O Alexandre, que vinha chegando do serviço nesse momento, apressou-se a correr para o lugar do conflito e cheio de autoridade intimou o Bruno a que se contivesse e deixasse a mulher em paz, sob pena de seguir para a estação no mesmo instante.

— Pois você não vê esta galinha, que apanhei hoje com a boca na botija, não me vem ainda por cima dar cabo de tudo?!... interrogou o Bruno, espumando de raiva e quase sem fôlego para falar.

— Porque você pôs em cacos o que é meu! gritou Leocádia.

— Está bom! está bom! disse o polícia, procurando dar à voz inflexões autoritárias e reconciliadoras. Fale cada um por sua vez! Seu marido... acrescentou ele, voltando-se para a acusada, diz que a senhora...

— É mentira! interrompeu ela.

— Mentira?! É boa! Tinhas a saia despida e um homem por cima!

— Quem era? — Quem foi? — Quem era o homem? interrogaram todos a um só tempo.

— Quem era ele, no fim de contas? inquiriu também Alexandre.

— Não lhe pude ver as fuças!... respondeu o ferreiro; mas, se o apanho, arrancava-lhe o sangue pelas costas!