— Já aí vai você repetir inda uma vez a mesma cantiga!...

— Mas diga-lhe sempre, tenha paciência, Nhã Pombinha!... Que ainda estaria aqui, comigo, como dantes, sem agüentar repelões de estranhos!...

— Adiante, Bruno!

— Diga-lhe...

E interrompeu-se.

Ora, que mais ele tinha a dizer?...

Coçou a cabeça.

— Veja, Bruno, você é quem sabe o que precisa escrever a sua mulher...

— Diga-lhe...

Não se animava.

— Que...

— Diga-lhe... Não! não lhe diga mais nada!...

— Posso então fechar a carta?...

— Está bom... resmungou o ferreiro, decidindo-se. Vá-lá! Diga-lhe que...

— Que...

Houve um silêncio, no qual o desgraçado parecia arrancar de dentro uma frase que, no entanto, era a única idéia que o levava a dirigir-se à mulher. Afinal, depois de coçar mais vivamente a cabeça, gaguejou com a voz estrangulada de soluços:

— Diga-lhe que... se ela quiser tornar pra minha companhia... que pode vir... Eu esqueço tudo!

Pombinha, impressionada pela transformação da voz dele, levantou o rosto e viu que as lágrimas lhe desfilavam