esta, toda serviçal, preparava numa mesinha redonda os seus apetrechos de escrita.

— Vamos lá, Bruno! que queres tu mandar dizer à Leocádia?

— Diga-lhe, antes de mais nada, que aquilo que quebrei dela, que dou outro! Que ela fez mal em quebrar também o que era meu, mas que fecho os olhos! Águas passadas não movem moinho! Que sei que ela agora está desempregada e aos paus; que está a dever para mais de mês na estalagem; mas que não precisa dar cabeçadas: que me mande cá o senhorio, que me entendo com ele. Que acho bom que ela deixe a casa da crioula onde come, porque a mulher já se queixou e já disse, a quem quis ouvir, que aquilo lá não era ponto de vadios e mulheres de má vida! Que ela, se tivesse um pouco de tino, nem precisava estar às migalhas dos outros, que eu na forja fazia para a trazer de barriga cheia e mais aos filhos que Deus mandasse... — Principiava a tomar calor. — Que a culpada de tudo isto é só ela e mais ninguém! tivesse um bocado de juízo e não precisava envergonhar a cara por ai...

— Isso já está dito, Bruno!

— Pois arrame-lhe outra vez a ver se ela toma brio!

— E que mais?

— Que lhe não quero mal, nem lhe rogo pragas, mas que é bem feito que ela amargue um pouco do pão do diabo, pra ficar sabendo que uma mulher direita não deve olhar se não pra seu marido; e que, se ela não fosse tão maluca...