E seguiram em silêncio, andando agora mais devagar; ambos preocupados.
No fim de uma boa pausa, Botelho perguntou se Bertoleza era escrava quando João Romão tomou conta dela.
Esta pergunta trouxe uma inspiração ao vendeiro. Ia pensando em metê-la como idiota no Hospício de Pedro 11, mas acudia-lhe agora coisa muito melhor: entregá-la ao seu senhor, restituí-la legalmente à escravidão.
Não seria difícil... considerou ele; era só procurar o dono da escrava, dizer-lhe onde esta se achava refugiada e aquele ir logo buscá-la com a polícia.
E respondeu ao Botelho:
— Era e é!
— Ah! Ela é escrava? De quem?
— De um tal Freitas de Melo. O primeiro nome não sei. Gente de fora. Em casa tenho as notas.
— Ora! então a coisa é simples!... Mande-a p’ro dono!
— E se ela não quiser ir?...
— Como não?! A polícia a obrigará! É boa!
— Ela há de querer comprar a liberdade...
— Pois que a compre, se o dono consentir!... Você com isso nada mais tem que ver! E se ela voltar à sua procura, despache-a logo; se insistir, vá então à autoridade e queixe-se! Ah, meu caro, estas coisas, para serem bem feiras, fazem-se assim ou não se fazem! Olhe que aquele modo com que ela lhe falou há pouco é o bastante para você ver que semelhante estupor não lhe convém dentro de casa nem mais um instante! Digo-lhe até: já não