berros, com valentes punhadas sobre as mesas. E sempre a sair, e sempre a entrar gente, e os que saiam, depois daquela comezaina grossa, iam radiantes de contentamento, com a barriga bem cheia, a arrotar.
Num banco de pau tosco, que existia do lado de fora, junto à parede e perto da venda, um homem, de calça e camisa de zuarte, chinelos de couro cru, esperava, havia já uma boa hora, para falar com o vendeiro.
Era um português de seus trinta e cinco a quarenta anos, alto, espadaúdo, barbas ásperas, cabelos pretos e maltratados caindo-lhe sobre a testa, por debaixo de um chapéu de feltro ordinário: pescoço de touro e cara de Hércules, na qual os olhos todavia, humildes como os olhos de um boi de canga, exprimiam tranqüila bondade.
— Então ainda não se pode falar ao homem? perguntou ele, indo ao balcão entender-se com o Domingos.
— O patrão está agora muito ocupado. Espere!
— Mas são quase dez horas e estou com um gole de café no estômago!
— Volte logo!
— Moro na cidade nova. É um estirão daqui!
O caixeiro gritou então para a cozinha, sem interromper o que fazia:
— O homem que ai está, seu João, diz que se vai embora!
— Ele que espere um pouco, que já lhe falo! respondeu o vendeiro no meio de uma carreira. Diga-lhe que não vá!