Lei de Minas sonhada pelos trusts. Uma lei que embaraçasse, que trancasse da maneira mais perfeita a pesquisa e a exploração do sub-solo nacional. Uma lei-mundeu.
Quem quisesse explorar o subsolo teria de entrar por uma das portas da ratoeira e ai do desgraçado! Dante escreveu nas portas do inferno: Lasciate ogni speranza, voi ch’ entrate. Quem entra no inferno da Lei de Minas, não escapa. Está perdido para sempre.
Com semelhante mundeu colocado como porta do subsolo, a triste sorte das primeiras vitimas desanimaria os outros — e ninguem, nunca mais, teria o topete de mexer num subsolo donde poderia jorrar a preciosa substancia fedorenta que nos custa meio milhão de contos por ano.
Lei-labirinto de Creta. Lei-cipó arranha-gato. Lei-serpes de Laocoonte. Lei-arapuca. Lei-mundeu. Lei-trapa. Lei gramaticida. Lei-matapau. Lei-rolha. Lei-atentado de lesa-patria, lesa-direitos, lesa-bom senso, lesa-dignidade humana. Lei-Fleury, em suma.
Aquele amontoamento de obstaculos insidiosos, portas falsas, incompreensibilidades manhosas, garrotes e cordas de enforcar tinha o fim “expresso” de impedir que o extrangeiro tomasse conta do nosso petroleo. Patriotismo puro, a trescalar de todos os seus cipós o mais suave bodum de brasilidade.