Um homem honesto
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O chefe da secção entrou nesse momento. A palestra cessou. Cada qual foi para sua mesa e João absorveu-se no trabalho, de cara amarrada coração pungido.


A' noite, na cama, já mais conformada, dona Maricota voltou ao assumpto.

— Você foi precipitado, João. Não devia ter tanta pressa em entregar o pacote. Porque não o trouxe primeiro aqui? Eu queria ao menos ver, pegar...

— Que idéa! "Ver, pegar"...

— Já contenta uma pé-rapada como eu, que nunca enxergou pellega de quinhentos. Tresentos e sessenta contos!...

— Não suspire assim, Maricota! Basta a scena de hontem...

— Impossivel. E mais forte do que eu...

— Mas, venha cá, Maricota, fale sinceramente, fale de coração: acha mesmo que fiz mal procedendo honestamente?

— Acho que você devia ter trazido o dinheiro e devia consultar-me. Guardava-