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um touro bravo. Mal sabia ele que, além da imensa força física, de que nunca supôs possuidor, tinha Lourenço meneios, jeitos e passos que o habilitavam a dar em terra com o mais corpulento animal. Em um instante o trêfego rapaz atirou o negro, não sobre a areia, mas dentro da cova próxima, onde havia um abismo de fogo, parte ainda em chamas, parte já em carvões, mas ainda vivos e ardentes.

E esta operação, rápida como passar de faisca elétrica, seguiu-se um grito nu de agonia, que atroou os ares. Benedicto, que estava nu da cintura para cima, sentira no corpo, nas mãos, nos pés as dores trazidas pelo fogo.

Esse grito medonho e a vista que inesperadamente se apresentou aos olhos de Lourenço, produziram nele súbita comoção. O impulso de fera, que o levara a atirar na cova o adversário, foi instintivo, inevitável, fatal: não lhe deu tempo a refletir; tinha passado tão rápido como o pensamento, e em seu lugar estava agora a razão.

Lourenço correu a uma tora meio queimada que se via a um lado sobre a areia, e, pegando dele, e metendo-o imediatamente na cova, como se o fizera em um poço para