Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/112

uma vez por todas, que eu não me lembro de suas valentias, vou dizer-lhe uma coisa: se tiver o atrevimento de passar outra vez de noite por junto do polleiro, tenha certeza de que lhe hei de pôr os cachorros, como fiz da outra vez.

Ainda bem não tinha Benedicto finalizado esta innocente ameaça, quando Lourenço atirava para longe o facão.

— Para te quebrar os beiços, negro, eu não preciso de arma.

Era o que Benedicto queria; seu adversario estava desarmado. Então investiu contra elle como fera. Apparentemente, Benedicto representava ser mais forte do que Lourenço. As ceroulas azues arregaçadas até aos joelhos, deixavam á mostra pernas musculosas, que acusavam grande força physica. O negro mesmo tinha consciencia de sua robustez; do seu tope nenhum morador de quatro leguas em redondo lhe era superior. Por isso, tendo lá para si que podia com Lourenço, atirou-se sobre ele no pressupposto de o derrubar e pôr debaixo dos pés logo ao primeiro impeto.

Nunca porém uma falsa crença teve mais prompta e estrondosa desillusão. Agarrar-se com Lourenço foi o mesmo que se agarrar com