Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/175

— Nem devemos esperar coisa diferente — disse Jorge Cavalcanti.

— A que fim, senão a este, mandaram para cá os mascates o seu ouro? Observou José de Barros.

— Ontem corria nas lojas e tabernas de Goiana — disse Manoel de Lacerda, que um motim se preparava contra a nobreza. Antonio Coelho, cuja audácia todos nós sabemos, nunca se mostrou tão derramado em arrogancias e insultos. De noite houve ajuntamento em sua loja, ajuntamento que só se desfez quando já era noite alta e depois de muitos urras, que ressoaram nas vizinhanças. Certo está Antonio Coelho incumbido de dirigir o movimento.

— Bom será que o não percamos de vista, disse João da Cunha.

— Hoje de manhã, passando eu pela frente de sua casa, vi-o fazendo gestos no balcão. Estava, ao parecer, ébrio; não tinha curtido de todo o vinho que bebera na véspera, porque lhe ouvi palavras insultuosas que me iam lançando fora do caminho da prudência.

— Que disse ele, Cosme Bezerra? Interrogou o sargento-mór.

— Suas insolências tinham por objeto a