Página:O matuto - chronica pernambucana (1878).djvu/437

de pé, a modo de privados do exercício da razão, aquela angustia sem nome.

Súbito uma detonação, que parecia partir do interior do sobrado, veio ressoar do lado de fora.

— Estão ai, estão dentro. Matou-a o malvado, exclamou o sargento-mór. Adivinho tudo. Quis violentá-la, ela resistiu e ele matou-a. Mas eu o matarei também. Matarei o vilão.

Lívidos, como cadáveres, atiraram-se à porta que lhes pareceu menos resistente. A coices de arcabuz, conseguem metê-la dentro. Voam de escadas acima como quatro sombras, quatro espectros fantásticos. A claridade do dia chegava ao interior da casa como luz crepuscular; mas aos olhos deles o que se apresentava eram trevas profundas. Francisco foi o primeiro que abriu uma das portas, e João da Cunha o que se atirou para o interior da casa, que não conhecia. O cheiro da pólvora e a nuvem de fuma ainda ondulante indicaram a direção que eles deviam tomar. Chegam enfim ao dormitório do negociante. Uma voz enfraquecida fez ouvir então estas palavras:

— Não me matem, não me matem.

Aos pés do leito havia um vulto sentado e outro estendido.