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— Por Nosso-Senhor-Jesus-Cristo, não acabem comigo.

— Quem és tu, miserável? Perguntou o sargento-mór.

— Era Bartolomeu, o barcaceiro. Contou tudo. Tinha estado na véspera com o negociante. Tinha concertado esperar por ele na Borboleta; mas tendo visto os dobrões que o negociante inadvertidamente lhe mostrara, projetou logo apossar-se deles furtivamente. Esteve na barcaça até a hora em que a sorte pareceu ser pelas armas dos mascates; mas tanto que soube da entrada da tropa do governo, correu ao sobrado, calculando que Coelho seria morto, ou ao menos preso. Chegando ai, fechou-se por dentro para afastar qualquer suspeita, e forçou a burra. Quando a tampa cedeu à violência, um tiro partiu de dentro, e o feriu acima do ventre. Era o tiro que eles tinham ouvido. Em vão procurou o dinheiro que o tinha tentado. O que encontrou foi uma pistola presa ao cofre por oculto aparelho, ali posto intencionalmente para a fazer disparar sobre quem o violasse. E a Borboleta?

— Deve de estar ainda no porto à minha espera.