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O PRECURSOR DO ABOLICIONISMO NO BRASIL
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fessores de institutos científicos, eram associados, auxiliares ou compradores de africanos livres.

Os carregamentos eram desembarcados publicamente, em pontos escolhidos das costas do Brasil, diante das fortalezas, á vista da polícia, sem recato nem mistério; eram os africanos sem embaraço algum levados pelas estradas, vendidos nas povoações, nas fazendas, e batizados como escravos pelos reverendos, pelos escrupulosos parocos!...

O exmo. senador Feijó, prevalecendo-se de seu grande prestígio, sacerdote virtuoso e muito conceituado, levantou enérgica propaganda entre os seus colegas, nesta província. Advertiu aos vigários para que não batizassem mais africanos livres como escravos, porque semelhante procedimento, sobre ser uma inqualificavel imoralidade, era um crime. Os vigários deram prova de emenda; mostraram-se virtuosos: de então em diante batisaram sem fazer assentamento de batismo! A religião, como o vestuário, amolda-se ás formas do abdomen de quem o enverga: os ingênuos vigários tambem tinham os seus escravos...

Os contrabandistas conseguiram tal importância política no império, tinham interferência tão valiosa nos atos do governo, que iam ao ponto de dissolver ministérios, como publicamente, sem réplica nem contestação, asseverou na imprensa o exmo sr. conselheiro Campos Melo!

Antes disto, transbordando de coléra e patriotismo, exclamara em pleno parlamento o imortal conselheiro

12 — O. ABOLICIONISMO