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SUD MENNUCCI

Este, que escrevia no “Radical Paulistano”, que organizara as festas em homenagem a José Bonifacio, o Moço, quando este regressou a São Paulo, depois da moção de julho de 1868, foi quem falou em primeiro logar no banquete que o Partido Liberal ofereceu ao Andrada, partido a que pertencia Gama. E o negro e José Bonifacio já eram velhos amigos, tanto assim que as “Trovas Burlescas” têm, no apendice, poesias do sobrinho e neto do Patriarca da Independencia.

Não póde haver a minima vacilação em que eles se conheceram. Entretanto, um não fala do outro. E o silêncio é ostensivo demais para que seja gratuito ou para que nasça de mera displicência ou de indiferênça de ambos.

Devia haver má-vontade e antipatia marcada. No livro de Carolina Nabuco, a respeito do pai, encontrei uma prova claríssima dessa malquerença. Prova flagrante que está na pagina 136 da segunda edição. Diz ela:

“Foi com Patrocínio que o povo brasileiro entrou no combate da liberdade. “O grande rio da abolição, disse Nabuco aos estudantes de Belo Horizonte em 13 de outubro de 1906, desaguará na posteridade por luas grandes bocas, das quais, uma democrática, será chamada José do Patrocínio, e outra, dinástica, Princeza Isabel”.

O trecho é significativo. Encerra uma frase da filha, mostrando que, para ela, povo brasileiro é somente o carioca e que, portanto, o abolicionismo autêntico era o da Capital Federal. Emquanto povo da linda Rio de Janei-