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SUD MENNUCCI

Nada mais disse. Pouco tempo depois expirava.

O enterro do mísero negrinho que se fizera grande homem em quarenta anos de lutas porfiadas, foi o maior de que ha noticia na época. Raul Pompéa que o descreveu, miudamente, no folhetim da “Gazeta de Noticias”, do Rio, edição de 10 de setembro de 1882, não disse tudo. O séquito foi interrompido pelos discursos que se fizeram no trajeto. A cidade inteira participou do luto: o comercio em peso cerrou as portas, e pelo leito das ruas, tanto no centro como nas vias do itinerário, havia folhagens e flores esparsas, tapizando, ao menos uma vez, na vida, o caminho por onde devia passar quem tanto e tão heroicamente sofrera. E nas sacadas das janelas, as tapeçarias ricas se ostentavam como nos dias solenes da Semana Santa, quando passava a procissão do Senhor Morto.

E’ inutil, porem que se queira reconstituir a cena, com dados de reminiscências pessoais, quando Raul Pompéa tem o seu muito relembrado trabalho a respeito, a que muita gente alude, mas que poucos leram. Nem se compreenderia que num livro como este, o relato fiel do autor do “Ateneu” não ficasse entre as suas páginas mais empolgantes. Aí vai ele: