vosa pela falta de exercício e disciplina moral, etc., etc., — enfim a burguesinha da baixa: por outro lado o amante — um maroto, sem paixão nem a justificação da sua tirania, que o que pretende é a vaidadezinha de uma aventura, e a amor grátis: do outro lado a criada, em revolta secreta contra a sua condição, ávida de desforra; por outro lado a sociedade que cerca estes personagens — o formalismo oficial (Acácio), a beatice parva de temperamento irritado (D. Felicidade), a literaturinha acéfala (Ernestinho), o descontentamento azedo, e o tédio de profissão (Julião) e às vezes quando calha, um pobre bom rapaz (Sebastião). Um grupo social, em Lisboa, compõe-se, com pequenas modificações, destes elementos dominantes. Eu conheço vinte grupos assim formados. Uma sociedade sobre estas falsas bases, não está na verdade: atacá-las é um dever. E neste ponto o Primo Basílio não está inteiramente fora da arte revolucionária, creio. Amaro é um empecilho, mas os Acácios, os Emestos, os Savedras, os Basílios são formidáveis empecilhos: são uma bem bonita causa de anarquia na meia da transformação moderna: merecem partilhar com o Padre Amaro da bengalada do homem de bem.
A minha ambição seria pintar a sociedade portuguesa, tal qual a fez a Constitucionalismo desde 1830 — e mostrar-lhe como num espelho, que triste país eles formam, — eles e elas. É o meu fim nas Cenas da vida portuguesa. É necessário acutilar o mundo oficial, o mundo sentimental, o mundo literário, o mundo agrícola, o mundo supersticioso — e com todo o respeito pelas instituições que são de origem eterna, destruir as falsas interpreta-