Falando assim Margarida delirante de prazer estendia os braços para o padre.

— Senhora! - retorquiu o padre levantando-se em sobressalto, e dando à voz uma inflexão severa - lembre-se que sou um padre, que venho confessá-la... mas... que é isto?... - continuou olhando atentamente para Margarida - vejo-a tão sadia e corada!... por Deus, que não se acha em estado de pedir confissão!... é um laço diabólico, que me estão armando! A senhora não precisa de meu ministério; eu me retiro. Adeus, senhora!

— Senhor padre, eu não sabia que o senhor estava na terra. Foram chamar o vigário... veio o senhor; foi Deus que o mandou. Por piedade, não se vá; não me deixe morrer sem confissão... eu me acho muito mal...

— Muito mal! não parece... que está sofrendo então?

— Sofro muito, muito!... parece que a cada momento se me rebenta o coração - mas agora... como o senhor veio, sinto-me feliz; já não morro tão sozinha... tão desamparada.

— Desamparada!... pois onde está seu marido?

— Meu marido!... exclamou a moça atônita. - Tenho eu algum marido?...