D. Flor dirigiu-se pressurosa a seu camarim; e tomando alí um objeto que procurava, saiu com Alina em busca do casalinho da Justa.

Era noite já. O crescente da lua que surgia no horizonte azul esparzia sôbre a terra uma claridade tênue e indecisa que flutuava na atmosfera como gaze finíssima, tecida de fios de prata.

Além, no terreiro dos agregados, trilavam os sons cristalinos da viola, a ralhar no meio do susurro da conversa. Mais longe, em frente às casas dos vaqueiros, a gente de curral fazia o serão ao relento, deitada sôbre os couros, que serviam de esteiras.

Uma voz cheia cantava com sentimento as primeiras estâncias do Boi Espácio, trova de algum bardo sertanejo daquele tempo, já então muito propalada por toda a ribeira do São Francisco, e ainda há poucos anos tão popular nos sertões do Ceará.

Vinde cá meu Boi Espácio,
Meu boi preto caraúna;
Por seres das pontas liso,
Sempre vos deitei a unha.