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o sertanejo

     Moirão começou á cantarolar um mote de sua composição :

Quando eu vim de minha terra
Eu era Aleixo pimpão ;
Agora fiquei Moirão
Aqui neste pé de serra.

     Debalde tentou Arnaldo captivar a attenção do minhoto : elle embrulhava-se lá na sua cantiga ; não queria ouvir.

     — Bem ; já vejo que você não é meu amigo.

     — Donde tirou isto ? perguntou Moirão tornando ao serio. Olhe, rapaz, que eu não sou homem de dares nem tomares, e quando trato um tal de amigo, é devéras. Aqui neste sertão ninguem ainda se benzeu com este nome senão um, que se chama Arnaldo Louredo ; e ando por aqui já ha uns pares de annos.

     — Si fosse amigo verdadeiro de Arnaldo, não lhe recusaria o que elle pede.

     — Falle-me neste tom, rapaz, que já o entendo. Então é sério ?

     — É um favor.

     — Pois faço-lhe o gosto.

     Aleixo metteu o cachimbo em um esgalho. Apoia-