pelo sertão bandos que viviam de enliços e rapinas.

O escritor desta páginas ainda tem viva a lembrança dessas partidas de ciganos, que muitas se arrancharam no sítio onde nasceu, e cuja derrota era assinalada pelo desaparecimento das aves e criação e animais domésticos, especialmente cavalos, quando não havia a lamentar o furto de crianças, de que faziam particular indústria.

O rapaz que Arnaldo vira, era um cigano desgarrado, como havia alguns por exceção; e estava a fazer ao baio uns afagos e carícias, tão cacheiros que para exprimí-los, adotou a língua o seu próprio nome. O povo rude chamava a isso, enfeitiçar o cavalo; e acreditava que o animal assim enliçado fugia do dono para seguir o ladino.

O sertanejo parou um instante a observar o cigano, e seguiu adiante.

O capitão-mór pela posição em que estava foi quem primeiro o avistou, e de longe, ainda gritou:

— Sempre escapou-te, o Dourado, rapaz? Aquilo é um boi danado, e manhoso como nunca se viu. Mas não te desconsoles. Outra vez com certeza lhe deitas a unha. Êle ficou te conhecendo