Faz orando tremer.
No descampado o cedro curva a frente,
Folhas e prece aos pés do Omnipotente
Manda a lufada erguer.
Terra de Santa Cruz, sublime verso
Da epopéa gigante do universo,
Da immensa creação,
Com tuas mattas, cyclópes de verdura,
Onde o jaguar, que passa na espessura,
Roja as folhas no chão,
Como és bella, soberba, livre, ousada!
Em tuas cordilheiras assentada
A liberdade está.
A purpura da bruma a ventania
Rasga, espedaça o sceptro que s’erguia
Do rijo piquiá.
Livre o tropeiro toca o lote e canta
A languida cantiga com que espanta
A saudade, a afflicção.
Solto o ponche, o cigarro fumegando
Lembra a serrana bella, que chorando
Deixou lá no sertão.
Livre como o tufão corre o vaqueiro
Pelos morros e vargea e taboleiro
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OS ESCRAVOS
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