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Da columna de Vendôme,
O bronze, o tempo consome,
Porém não apaga o nome
Que tem por bronze a amplidão.
Apezar de infausto dia,
Da infamia que tripudia,
Dos bretões a cobardia,
— Sempre serei Napoleão.

Nos vastos plainos do Egypto,
Sobre Titães de granito,
Eu tenho um poema escripto
Que deslumbra a solidão.
Das Isis rasguei os véos,
Entre os altares fui deus,
Fiz povos escravos meus,
— Ah! inda sou Napoleão.

Desde onde o crescente brilha
Até onde o Sena trilha,
Tive o mundo por partilha
Tive immensa adoração;
E de um throno de fulgores
Fiz dos grandes — servidores,
Fiz dos pequenos — senhores,
— E sempre fui Napoleão.

Quando eu cortava os desertos,
Vinham-me os ventos incertos
De incenso e myrra cobertos
Lamber-me as plantas no chão;
As caravanas paravam,
E os romeiros que passavam
Ás solidões perguntavam:
— E’ este o deus Napoleão?