E lá nas plagas fagueiras,
Onde as brizas forasteiras,
Entre selvas de palmeiras
Corre o sagrado Jordão,
O lago dizia ao prado,
O prado ao monte elevado,
O monte ao céo estrellado:
— Vistes passar Napoleão?
Dizei, auras do Ocidente,
Dizei, tufão inda quente
Do bafejo incandescente
Do não vencido esquadrão,
Como é elle? é bello, ousado?
Tem o rosto illuminado?
Tem o braço denodado?
— Sempre é grande Napoleão?
E as aguias no céo corriam,
E os areais se volviam,
E horrendas feras bramiam
No immenso da solidão;
Mas as vozes do deserto
Se erguiam como um concerto
E vinham saudar-me perto:
— Tu és, senhor, Napoleão!
— Se sou! que Marengo o conte,
De Austerlitz o horizonte,
E aquella soberba ponte
Que transpuz como o tufão!
E a minha villa de Ajaccio,
E o meu sublime palacio,
E os pescadores do Lacio
Que só dizem — Napoleão!
Página:Obras completas de Fagundes Varela (1920), I.djvu/113
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