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SONETO
Eu passava na vida errante e vago
Como o nauta perdido em noite escura,
Mas tu te ergueste peregrina e pura
Como o cysne inspirado em manso lago,
Beijava a onda n’um soluço mago
Das molles plumas a brilhante alvura,
E a voz ungida de eternal doçura
Roçava as nuvens em divino afago.
Vi-te; e nas chamas de fervor profundo
A teus pés afoguei a mocidade
Esquecido de mim, de Deus, do mundo!
Mas ai! cedo fugiste!... da soidade,
Hoje te imploro d’esse amor tão fundo
Uma idéa, uma queixa, uma saudade!