de prata do gênio das noites,
Em tíbios açoites a trança agitar?
Ai! vem que nas nuvens te mata o desejo
De um férvido beijo gozares em vão!...
Os — astros sem alma — se cansam de olhar-te,
Não podem amar-te, nem dizem paixão!
E as auras passavam, — e as névoas tremiam, —
— E os gênios corriam — no espaço a cantar,
Mas ela dormia tão pura e divina
Qual pálida ondina nas águas do mar!
Imagem formosa das nuvens da Ilíria,
— Brilhante Valquíria — das brumas do norte,
Não ouves ao menos do bardo os clamores,
Envolta em vapores, — mais fria que a morte!
Oh! vem! vem, minh'alma! teu rosto gelado,
Teu seio molhado de orvalho brilhante,
Eu quero aquecê-los no peito incendido,
— Contar-te ao ouvido paixão delirante!...
Assim eu clamava tristonho e pendido,
Ouvindo o gemido da onda na praia,
Na hora em que fogem as névoas sombrias,
— Nas horas tardias que a noite desmaia. —
E as brisas d'aurora ligeiras corriam,
No leito batiam da fada divina;
Sumiram-se as brumas do vento à bafagem
E a pálida imagem desfez-se em — neblina!
Santos — 1861.