Porque vergas-me a fronte sobre a terra?
— Diz a flor da colina ao manso vento —
Se apenas das manhãs o doce orvalho
Hei gozado um momento!
Tímida ainda, nas folhagens verdes
Abro a corola à quietação das noites,
Ergo-me bela, me rebaixas triste
Com teus feros açoites!
Oh! deixa-me crescer, lançar perfumes,
Vicejar das estrelas à magia,
Que minha vida pálida se encerra
No espaço de um só dia!
Mas o vento agitava sem piedade
A fronte virgem da cheirosa flor,
Que pouco a pouco se tingia, triste,
De mórbido palor.
Não vês, oh brisa? lacerada, — murcha
Tão cedo ainda vou pendendo ao chão,
E em breve tempo esfolharei já morta
— Sem chegar ao verão?