Embrenhei-me nas selvas seculares
Lá onde à sombra de soberbos cedros
Dormia a solidão seu sono imenso!
— Mas as canções dos árabes errantes, —
Os urros do simoun, — o murmúrio
Da folhagem da selva, — o mundo todo —
Desse vasto poema do deserto —
Falavam-me de dor e de amarguras,
Negra saudade me acordavam n'alma!
Vaguei nos mares à tormenta exposto,
Vi diante de meus pés — o oceano e a morte, —
E meu frágil baixel arrebatado
— Ora no dorso de espumosas vagas —
Ir doudejando topetar nas nuvens,
— Ora no abismo se afundar gemendo! —
Abrindo as asas negras sobre os mares
Corria o furacão rugindo em fúrias
Como o anjo da morte! No infinito
— A orquestra da tormenta — ribombava
Horrível e sublime! O céu rugia,
As serpentes de fogo se enroscavam
No espaço abraseado, — as ardentias
Referviam no abismo escancarado
Como os lumes que em breve me esperavam
Na tumba imensa de revoltas águas!
E enquanto os mastros a estalar caíam
Ao roçar da tormenta, enquanto os nautas
Prostrados no convés — a Deus clamavam
Ante a agonia — a tempestade — e a morte,
Pedindo às vagas, olvidando tudo,
O nome dela eu murmurava em prantos.
Dos abismos à flor, como Manfredo,
Os gênios invoquei — vertiginoso —