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A Sentença
I
Na sala espaçosa, cercado de escravos
Nascidos nas selvas, robustos e bravos,
Mas presos agora de infindo terror;
Lotário pensava, Lotário o potente,
Lotário o opulento, soberbo e valente,
De um povo de humildes tirano e senhor.
II
Nas rugas da fronte fatídica e rude
Não tinham-lhe as rosas de longa virtude
Do tempo os vestígios lavado em perfumes;
Nublava-lhe o rosto, mais negros fazia
Dos olhos ardentes os férvidos lumes.
III
No inverno da vida, dos tempos passados
Ninguém lhe sabia. Boatos ousa