De ver-vos, linda Dama, vencedora;
Que quero eu mais que ser vossa victoria?
Se tanto a vossa vista mais namora,
Quanto eu sou menos para merecer-vos;
Que quero eu mais que ter-vos por senhora?
Se procede este bem de conhecer-vos,
E consiste o vencer em ser vencido,
Que quero eu mais, Senhora, que querer-vos?
S’em meu proveito faz qualquer partido,
Só na vista d’huns olhos tão serenos,
Que quero eu mais ganhar que ser perdido?
Se, emfim, os meus espritos, de pequenos,
A merecer não chegão seu tormento,
Que quero eu mais, que o mais não seja menos?
A causa, pois, m’esforça o soffrimento;
Porque, a pezar do mal que me resiste,
De todos os trabalhos me contento;
Que a razão faz a pena alegre, ou triste.
ELEGIA VI.
Entre rusticas serras e fragosas,
Compostas d’asperissimos rochedos,
De salitradas lapas cavernosas;
Onde gretando os humidos penedos
Orvalhados de neve branca e fria,
Brotando estão de si mil arvoredos;
Huma floresta fez verde e sombria
A natureza experta, que rodeia,