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A fôrça do meu destino,
Como vossa formosura?
Bem conheço que não posso
Ter tão alto pensamento;
Mas disto só me contento,
Que se paga com ser vosso
O mor mal de meu tormento.

Entrão os Musicos, e diz Alexandre da Fonseca, hum delles:

ALEXANDRE.

Senhor, de que se acha mal
O Principe, ou que mal sente?

PAGEM.

Senhor, sei que está doente;
Mas sua doença he tal,
Qu’entender se não consente.
Os Physicos vem e vão,
Huns e outros a meude,
Sem o poderem dar são.
Quanto mais cura lhe dão,
Então tẽe menos saude.
O Pae anda em sacrificios
Aos deoses, que lhe dem
A saude que convem;
Dizendo que por seus vicios
O mal a seu filho vem.
Eu suspeito qu’isto são
Alguns novos amorinhos,
Que tera no coração.