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Pois confessae-vos jagora,
Indaque tenho temor
Que nem nesta última hora
Me ha de perdoar Amor
Vossos peccados, Senhora.
E assi vou desesperado,
Porque estes são os costumes
D’amor que he mal empregado;
Do qual vou ja condemnado
Ao inferno de ciumes.

LABYRINTHO, QUEIXANDO-SE DO MUNDO.


Corre sem vela e sem leme
O tempo desordenado,
D’hum grande vento levado:
O que perigo não teme,
He de pouco exprimentado.
As redeas trazem na mão
Os que redeas não tiverão:
Vendo quanto mal fizerão
A cobiça e ambição,
Disfarçados se acolhêrão.

A nao, que se vai perder,
Destrue mil esperanças: