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SONETOS.
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CCXXVIII.

Vós, Nymphas da Gangetica espessura,
Cantae suavemente, em voz sonora,
Hum grande Capitão que a roxa Aurora
Dos filhos defendeo da noite escura.

Ajuntou-se a caterva negra e dura,
Que na Aurea Chersoneso affouta mora,
Para lançar do charo ninho fóra
Aquelles que mais podem que a ventura.

Mas hum forte leão, com pouca gente,
A multidão tão fera como necia,
Destruindo castiga e torna fraca.

Ó Nymphas, cantai, pois; que claramente
Mais do que Leonidas fez em Grecia,
O nobre Leoniz fez em Malaca.



CCXXIX.

Alma gentil, que á firme eternidade
Subiste clara e valerosamente,
Cá durará de ti perpetuamente
A fama, a gloria, o nome e a saudade.

Não sei se he mor espanto em tal idade
Deixar de teu valor inveja á gente,
Se hum peito de diamante, ou de serpente,
Fazeres que se mova a piedade.

Invejosa da tua acho mil sortes,
E a minha mais que todas invejosa,
Pois ao teu mal o meu tanto igualaste.

Oh ditoso morrer! sorte ditosa!
Pois o que não se alcança com mil mortes,
Tu com huma só morte o alcançaste.