CCXLII.
Qu'estilla a Arvore sacra? Hum licor santo.
Para quem? Para o genero he humano.
Que faz delle? Hum remedio soberano.
Para que? Para a culpa e triste pranto.
E que obra? Reduzir Lusbel a espanto.
Porque? Porque co'hum pomo fez grão dano.
Que foi? A morte deo com hum engano.
Tanto pôde? Sem falta pôde tanto.
Quem sobe a ella? Quem do ceo desceo.
A que desce? A subir a creatura.
Que quiz da terra? Só levá-la ao Ceo.
He escada para ir lá? E a mais segura.
Quem o obrigou? De amor só se venceo.
Que amava este Feitor? Sua feitura.
CCXLIII.
Oh Arma unicamente só triumphante,
Propugnaculo só de nossas vidas,
Por quem forão ganhadas as perdidas
Com que o Tartaro horrendo andava ovante!
Sigua-se esta bandeira militante
Por quem são taes victorias conseguidas,
Por quantas almas, della divertidas,
No Ponente errão cá, lá no Levante.
Oh Arvore sublime, e marchetada
De branco e carmesi, de ouro embutida,
Dos rubis mais preciosos esmaltada,
E de trophéos mais claros guarnecida!
Á vida a morte vimos em ti dada,
Para qu'em ti se désse á morte