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Vermelha muito mais que a rosa pura;
Assi descuido em ti nunca suspeite,
Assi me trates inda com brandura;
Que a cabana, que a vida e a alma engeite
Por ti, quando tu mais que marmor dura.
Testimunhas serão montes e valles,
A quem dou larga conta de meus males.
            DELIO.
  Quando a minha Learda desencolhe
Os seus cabellos d'ouro, longo, ondado,
O sol, de pura inveja, se recolhe,
Corrido de se ver menos dourado.
Livre pastor não ha, que bem os olhe,
Sem se achar logo nelles enlaçado.
Ai! não soltes, Learda, os teus cabellos,
Pois tanto prendem quantos ousão vellos.
            GALASIO.
  Os tristes corações se tornão ledos,
Ouvindo de Marfida o doce canto;
Os furiosos ventos estão quedos;
Não guia o claro sol seu carro em tanto.
Converte-se a dureza dos penedos
Em brando amor: Amor desfaz-se em pranto,
Vencido dessa voz, doce Marfida;
Mas tu nunca d'Amor foste vencida.
            DELIO.
  O campo de verdura vejo pobre;
O ceo chuivoso sempre, e turvo o rio;
Da sua leve folha a terra cobre
O bosque, que foi ja verde e sombrio.{