Me víras para ti, que nunca víras
Em mi sinal d'amor, ou de brandura!
S'eu fugíra de ti, tu me seguiras;
Por mi ardêras, não por huma ingrata,
Por quem choras em vão, em vão suspiras.
Bem me vinga de ti, pois te maltrata:
Mas eu te quero tanto, que desamo
(Por mais que tu me mates) quem te mata.
Respondem-me estes montes, quando chamo
Por ti com triste voz; Ecco responde
Das lagrimas, movida, que derramo.
E tu não me respondes, nem sei onde
Te leva esse desejo; mas bem sei
Que amor e desamor de mi t'esconde.
Ai triste Phyllis! triste! Onde acharei
Remedio a tanto mal? O fogo puro
Em que m'abrazo, com que abrandarei?
Ja fugíra daqui por mais que duro
Fosse o deixar o ninho em que nasci:
Mas não ha contra Amor lugar seguro.
A morte só (mil vezes isto ouvi
Á nossa Celia) por remedio espere
Aquelle que a Amor fez senhor de si.
Então, porque de todo desespere,
Este cego, a quem cegos nós seguimos,
A mi por ti, e a ti por outra fere.
S'eu morrêra no ponto em que nos vimos,
Não víra tanto mal. Mas que da sua
Sorte fugisse alguem, nós nunca ouvimos.
Eu me queixo de ti, e tu da tua
Galatêa te queixas; e não vês{278}