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E pranteia por mim...
E a sombra solitária que eu sonhava
Lânguida como vibração perdida
De roto bandolim...
 
E agora o único amor!... o amor eterno,
Que no fundo do peito aqui murmura
E acende os sonhos meus,
Que lança algum luar no meu inverno,
Que minha vida no penar apura,
— É o amor de meu Deus!
 
É só no eflúvio desse amor imenso
Que a alma derrama as emoções cativas
Em suspiros sem dor...
E no vapor do consagrado incenso
Que as sombras da esperança redivivas
Nos beijam o palor...
 
Eu vaguei pela vida sem conforto,
Esperei minha amante noite e dia
E o ideal não veio...
Farto de vida, breve serei morto...
Nem poderei ao menos na agonia
Descansar-lhe no seio...