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Passei como Don Juan entre as donzelas,
Suspirei as canções mais doloridas
E ninguém me escutou...
Oh! nunca à virgem flor das faces belas
Sorvi o mel, nas longas despedidas...
Meu Deus! ninguém me amou!
 
Vivi na solidão, odeio o mundo...
E no orgulho embucei meu rosto pálido
Como um astro nublado...
Ri-me da vida — lupanar imundo,
Onde se volve o libertino esquálido
Na treva... profanado
 
Quantos hei visto desbotarem frios,
Manchados de embriaguez da orgia em meio
Nas infâmias do vício!
E quantos morreram inda sombrios,
Sem remorso dos negros devaneios...
Sentindo o precipício!
 
Quanta alma pura... e virgem menestrel,
Que adormeceu no tremedal sem fundo,
No lodo se manchou!
Que liras estaladas no bordel!