ley... Quando o poeta dos lupanares, o improvisador soberbo das praças ergueu seu brado de atheu á
Pavorosa illusão da Eternidade,
é que as noites lhe ião bem negras á ancia do coração
que o vinho e os beijos seccos da perdição não lhe po-
dião calar.
E comtudo, se a educação se lhe orientára diversa; em vez do borbulhar nas artérias, de um sangue de Ibero, do fervor de um coração de Portuguez — crestado e cinéreo ao louquejar das lupercaes... se as brisas nevoentas do Norte lhe houvessem influido a irritabilidade nervosa, a melancolia liypochondriaca e spleenética, a insania tocada de superstição, o hysterismo das terras nevoentas, esse homem houvera sido Chatterton, Byron ou Werner...
Bocage e Chatterton se assemelhão. Ambos sós — sós! — no mundo. Ambos com cerebro sublimado ao fogo da poesia, e sem uma auréola de luz ante a qual as nações dobrassem as frontes como ante um sol, — ambos soffrendo da dôr do coração.
De Chatterton a Bocage vai talvez um passo. Mas entre ambos ha um abvsino. Entre o cantor das glorias cavalleiras do XV seculo, das Iliadas Anglo-Normandas do pseudonymo Thomas Rowley, o poeta da luta de Hastings entre Wyllyam o duque e Kinge Harolde — fayre England curse and pryde, e o mancebo Portuguez ante o qual