Página:Obras de Manoel Antonio Alvares de Azevedo v3.djvu/115

E Haidéia, a virgem, pela praia errando,
Aos murmúrios do mar que lhe suspira
Com incógnito desejo
Te sussurra delícias vaporosas...
E o formosoestrangeiro adormecido
Entrebeija tremendo?
 
Ou a pálida fronte libertina
Relembra a tez, o talhe voluptuoso
Da oriental seminua?
Ou o vento da noite em teus cabelos
Sussurra e lembra do passado as nódoas
No túmulo sem letras?
 
Ergue-te, libertino! eu não te acordo
Para que a orgia te avermelhe a face
Que a morte amarelou...
Nem para jogo e noites delirantes,
E do ouro a febre e da perdida os lábios
E a convulsão noturna!
 
Não, ó belo Espanhol! Venho sentar-me
À borda do teu leito, porque a febre
Minha insônia devora...
Porque não durmo quando o sonho passa