Página:Obras de Manoel Antonio Alvares de Azevedo v3.djvu/126

Cicia mais ardente suspirando,
Como de noite no pinhal sombrio
Aéreo canto de não vista sombra,
Que enche o ar de tristeza e amor transpira...
Lá onde o rio molemente chora
Nas campinas em flor e rola triste...
Alveja, à sombra, habitação ditosa,
Coroa os frisos da janela verde
A trepadeira em flor do jasmineiro
E pelo muro se avermelha a rosa.
Ali quando a manhã acorda a bela,
A bela, que eu sonhei nos meus amores...
Ao primeiro calor do sol d'aurora
Entorna-se da flor o doce aroma,
Inda mais doce em matutino orvalho,
Nas tranças negras da donzela pálida,
Mais bela que o diamante se aveluda,
Camélia fresca, inda em botão, tingida
De neve e de coral... no seio dela
Não reluz o colar... em negro fio
A cruz da infância melhor guarda o seio,
Que o amor virginal beija tremendo
E os ais do coração melhor perfuma...
 
Vem comigo, mancebo: aqui sentemo-nos...
Ela dorme: a janela inda cerrada