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dolentes e sentidas, ou esses gritos profundos, estridentes, que não podemos ler, sem que horrível calafrio nos venha gelar o sangue.

E morreu: o arbusto virente que se debruçava à beira do regato viu cair uma por uma as folhas que lhe formavam a coma, as flores que perfumavam a brisa, e deixando também pender a fronte foi arrebatado pelo impulso da correnteza.

«— Que fatalidade, meu pai!» Foi o ultimo adeus do moribundo, a saudade legada a nós outros, seus companheiros, soldados de que era o chefe.

E morreu!... E o sol da literatura pátria anuviou o semblante, e o anjo da gloria desdobrando as azas cândidas lhe cobriu o semblante — que desbotara a morte. Que importa! Morrerá por ventura o gênio que ilumina a terra? Álvares de Azevedo pertence a essa raça de homens, que vivem sempre nas paginas imorredouras da historia.

«A sua perda, diz o Sr. Lopes de Mendonça, é daquelas que se devem deplorar, como um funesto acontecimento para a situação e progresso das letras. Era um talento inovador, que não limitaria a sua ambição a percorrer as veredas conhecidas, que alcançaria novos horizontes, impelido pelo fogo da sua inspiração e também pela madureza de seus estudos.»