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Estudando-os a todos esses grandes mestres — seu estilo possuo essa grandeza máscula de idéias, essa elevação de pensamentos, essa beleza de frase, que causam arrebatamento e prazer.

Lendo muito o Byron, demasiado talvez, vemos nele, em seus pensamentos, em suas imagens, esse delírio febricitante, esse arroubo de idéias, esses rasgos apaixonados, frenéticos e violentos, que caracterizam o autor de Don Juan. Como é belo esse estilo fácil e natural que o caracteriza; e que grandeza nos pensamentos, que elevação na frase, que d'inspirações brilhantes de sensibilidade e d'imaginação! Ora semelha o gemido dolorido, a explosão da dor nas profundidades do peito, e depois, prorrompe em uma gargalhada estridente, frenética, que coalha o sangue e eriça os cabelos.

O estilo de Álvares de Azevedo, na poesia além de original, é fácil, natural, ameno, deslizando-se suave, sem afetação e sem esforço. Nem sempre escoimado de galicismos, ele o é porém desse purismo ridículo de muitos que querendo á risca seguir os conselhos de Felinto Elísio caem no excesso contrário. Não há aí esse estudo forçado de frase, esse estilo imensamente castigado e tão castigado e tão limado, que á força d'escovadelas perde aquele brilho, aquele colorido, aquele aveludado brilhante, aquele perfume balsâmico, enfim, — como