Página:Obras poeticas de Claudio Manoel da Costa (Glauceste Saturnio) - Tomo II.djvu/194

Aos queimados Tapuias: desde a altura
Do monte disparou por meter medo
Um tiro de espingarda; nenhum quedo
Se deixa então ficar: todos se apressam,
Fogem, nem mais às flechas se arremessam.
Desamparado o sítio humilde e pobre,
Desce ao terreno, e as índias três descobre,
Que de oprimidas dos cansados anos
Não puderam fugir, temendo os danos
Que dos antigos Pais ouvido tinham.

Variamente uns e outros se entretinham
Em contar o sucesso; e já notava
Garcia, que nas índias se firmava,
Que uma delas com gesto mais sereno
Punha nele os [seus olhos]; por aceno
Observa, mais que explica, que o conhece;
Da língua portuguesa lhe parece
Que entende; e mais se assombra o bom Garcia
Ao ver como em um dedo ela prendia
Uma memória de ouro; a jóia observa;
Cala-se, e a melhor tempo o mais reserva,
Exprimindo em um ai, que d'alma exala,
O mais, que por então sepulta e cala.

Recolhidos a um tempo os companheiros,
Junto aos troncos, nas grutas dos outeiros
Se armam as mesas; de viandas servem
A mortas caças, que nos cobres fervem:
As aves, que do chumbo o globo estreito
Feriu nas asas, e rompeu o peito;
O veado, a que o índio na carreira
Seguiu, e a seta disparou ligeira;
Não falta o louro mel da abelha astuta,